As vendas do comércio cresceram 0,9% em abril, na comparação com março, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na comparação com abril do ano passado, a alta foi de 4,5%.
O IBGE também informou que revisou de 1% para 1,4% a alta no volume de vendas de março frente ao mês de fevereiro.
Apesar de ter cravado a 4ª alta consecutiva e um desempenho acima do esperado em abril, o setor mostrou perda de força, registrando o menor avanço mensal do ano.
No ano de 2022, o comércio varejista acumula crescimento de 2,3%, enquanto nos 12 meses o avanço desacelerou para 0,8%, ante 1,9% nos 12 meses até março. É o menor acumulado para 1 ano para meses de abril desde 2020, quando ficou em 0,6%.
“Os quatro meses do ano foram positivos, mas vêm em trajetória decrescente: de 2,4% em janeiro para 0,9% em abril. O crescimento é consistente, porém desigual. Como um todo, o comércio varejista está 4% acima do patamar pré-pandemia, em fevereiro de 2020. Mas entre as atividades está desigual”, destacou Cristiano Santos, gerente da pesquisa.
Em abril, apenas 4 de 10 segmentos rodaram acima do patamar de vendas de fevereiro de 2020.
O resultado veio acima do esperado. Segundo mediana das projeções coletadas pelo Valor Data em 33 consultorias e instituições financeiras, a estimativa era de alta de 0,2% na comparação com o mês anterior.
A receita nominal do varejo acumulou alta de 1,3% em abril, ante o mês anterior. Na comparação com abril de 2021, houve incremento de 22,3%.
Veja o desempenho de cada um dos segmentos
- Combustíveis e lubrificantes: -0,1%
- Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo: -1,1%
- Tecidos, vestuário e calçados: 1,7%
- Móveis e eletrodomésticos: 2,3%
- Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria: 0,4%
- Livros, jornais, revistas e papelaria: -5,6%
- Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação: -6,7%
- Outros artigos de uso pessoal e doméstico: 0,1%
- Veículos, motos, partes e peças: -0,2% (varejo ampliado)
- Material de construção: -2% (varejo ampliado)
No comércio varejista ampliado, que inclui, além do varejo, as atividades de veículos, motos, partes e peças e de material de construção, o volume de vendas apresentou alta de 0,7% frente a março. Em relação a abril de 2021, o varejo ampliado cresceu 1,5%. No ano, o acumulado foi de 1,4% e nos últimos doze meses, de 2,2%. Com o resultado, está 1,6% acima do patamar pré-pandemia.
Ganhadores e perdedores
Quatro das oito atividades do varejo tiveram alta em abril, com destaque para móveis e eletrodomésticos (2,3%) e tecidos, vestuário e calçados (1,7%). Já as maiores quedas foram e, livros, jornais, revistas e papelaria (-5,6%) e equipamentos e material para escritório informática e comunicação (-6,7%).
As vendas em super e hipermercados caíram 1,4% em abril, e o segmento passou a registrar perdas de 1,9% em 12 meses, evidenciando a corrosão do poder de compra das famílias.
“O resultado pendeu para o positivo influenciado pelo crescimento de Tecidos, vestuários e calçados e Móveis e eletrodomésticos. Hiper e super tiveram queda, mas as atividades que cresceram têm peso alto também”, avaliou Santos.
Apenas 4 atividades fecharam abril acima do patamar pré-pandemia: artigos farmacêuticos (17,7% acima do nível de fevereiro de 2020), material de construção (9,1%) e outros artigos de uso pessoal e doméstico (7,3%); já hiper e supermercados, alimentos e bebidas, reduziu o avanço, e agora está 1,4% acima.
Abaixo do patamar pré-pandemia, com os piores desempenhos estão móveis e eletrodomésticos (-10,7%), equipamentos e material de escritório (-11,7%), e livros, jornais e revistas (-37,3%).
Na análise por regiões, o volume de vendas cresceuo em 19 das 27 Unidades da Federação, com destaque para: Amazonas (4,4%), Rio Grande do Norte (4,0%) e Alagoas (3,8%). Por outro lado, oito estados tiveram resultados no campo negativo, com Pernambuco (-7,7%), Roraima (-4,5%) e Pará (-4,4%) liderando as perdas.
Perspectivas para o ano
A alta dos juros e inflação persistente têm tirado o poder de compra e de consumo das famílias, afetando as perspectivas para o crescimento da economia nos próximos meses. Na véspera, o IBGE mostrou que o IPCA desacelerou em maio, mas ainda acumula alta de 11,73% em 12 meses.
A confiança dos consumidores brasileiros piorou em maio, diante da inflação elevada e da dificuldade de obter emprego, segundo sondagem da Fundação Getúlio Vargas.
A produção industrial cresceu apenas 0,1% em abril e segue abaixo do patamar pré-pandemia, conforme mostrou na semana passada o IBGE.
O mercado financeiro estima atualmente um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 1,20% em 2022. Já para a inflação a projeção é de 8,89%.