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Inadimplência atinge 64,25 milhões de brasileiros

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Levantamento realizado pela CNDL — Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas e pelo SPC Brasil — Serviço de Proteção ao Crédito aponta que quatro em cada dez brasileiros adultos (39,71%) estavam negativados em setembro de 2022 – o equivalente a 64,25 milhões de pessoas, um novo recorde da série histórica do levantamento, realizado há 8 anos. No último mês, o volume de consumidores com contas atrasadas cresceu 11,17% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Com base nos dados disponíveis em sua base, que abrangem informações de capitais e interior de todos os 26 Estados da federação, além do Distrito Federal, a CNDL e o SPC Brasil registram que a variação anual observada em setembro deste ano ficou acima da observada no mês anterior. Na passagem de agosto para setembro, o número de devedores cresceu 0,93%.

GRÁFICOS – NÚMERO DE PESSOAS INADIMPLENTES

“Apesar da melhora em alguns indicadores econômicos, muitos brasileiros ainda estão com dificuldade de fechar as contas no fim do mês. Parte do problema pode ser explicado pela renda da população que continua baixa. O desemprego diminuiu, mas a renda não é suficiente para reverter completamente as perdas dos últimos trimestres. Apesar da inflação caindo, o preço dos alimentos continua subindo e ocupando boa parte do orçamento das famílias, especialmente aquelas com renda mais baixa”, destaca o presidente da CNDL, José César da Costa.

GRÁFICOS- NÚMERO DE PESSOAS INADIMPLENTES POR TEMPO DE ATRASO

O crescimento do indicador anual se concentrou no aumento de inclusões de devedores com tempo de inadimplência de 91 dias a 1 ano (35,16%).

O número de devedores com participação mais expressiva no Brasil em setembro está na faixa etária de 30 a 39 anos (23,99%), são 15 milhões de pessoas registradas em cadastro de devedores nesta faixa. Tal montante equivale a 43,86% do total desta deste grupo etário.

A inadimplência segue bem distribuída entre os sexos: 50,90% de mulheres e 49,10% de homens.

“Apesar do menor número de desempregados, muitos brasileiros ainda não conseguiram se recolocar no mercado de trabalho e aqueles que conseguiram uma vaga ainda tentam se organizar financeiramente. O levantamento de reincidência do SPC Brasil aponta que, em média, o consumidor leva cerca de 10 meses para sair da inadimplência. Por isso é tão importante o consumidor inadimplente fazer um levantamento de todas as dívidas que possui e traçar um plano para sair da situação. Concentrar todas as dívidas em um único lugar ajuda a ter mais controle, entender melhor o tamanho da dívida e fazer um planejamento” alerta o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Junior.

GRÁFICOS – NÚMERO DE PESSOAS INADIMPLENTES POR FAIXA ETÁRIA E SEXO
GRÁFICO – ESTIMATIVA DE INADIMPLENTES POR FAIXA ETÁRIA

Cada negativado deve, em média, R$ 3.688,96. Mais da metade das dívidas são com bancos
Em setembro de 2022, cada consumidor negativado devia, em média, R$ 3.688,96 na soma de todas as dívidas. Considerando todas essas dívidas, cada inadimplente devia, em média, para 1,97 empresas credoras.

GRÁFICO – NÚMERO DE PESSOAS INADIMPLENTES POR VALOR TOTAL DAS DÍVIDAS

Quase quatro em cada dez consumidores (34,14%) tinham dívidas de valor de até R$ 500, percentual que chega a 48,87% quando se fala de dívidas de até R$ 1.000.

Em relação ao aumento do endividamento no Brasil, o indicador mostra que em setembro de 2022 houve crescimento de 21,95% em relação ao mesmo período de 2021. O dado observado em setembro deste ano ficou acima da variação anual observada no mês anterior. Na passagem de agosto para setembro, o número de dívidas apresentou alta de 2,05%.

GRÁFICOS – NÚMERO DE DÍVIDAS EM ATRASO

Destaca-se a evolução das dívidas com o setor de Bancos, que registrou crescimento de 37,94%, seguido de Água e Luz (11,86%). Em outra direção, as dívidas com o setor credor de Comunicação (‐11,57%) e Comércio (‐0,28%) apresentaram queda no total de dívidas em atraso.

GRÁFICOS – NÚMERO DE DÍVIDAS EM ATRASO POR SETOR CREDOR

Em termos de participação, o setor credor que concentra a maior parte das dívidas é o de Bancos, com 61,18% do total. Na sequência, aparece Comércio (12,86%), o setor de Água e Luz com 10,51% e Comunicação com 8,42% do total de dívidas.

A especialista em finanças da CNDL, Merula Borges, destaca que os próximos meses podem trazer um alívio para o cenário.
“A injeção de recursos na economia com o 13ª, contratação de mão de obra temporária para o fim de ano e a bandeira verde no preço da energia em dezembro podem ajudar a amenizar o cenário de inadimplência. Mas é importante o consumidor priorizar o pagamento das dívidas e não cair nas tentações das compras de final de ano”, diz Merula Borges.

Para todos os indicadores, considera-se que uma dívida é a relação de um credor com um devedor, mesmo que esse credor tenha incluído vários registros desse devedor junto ao SPC Brasil. Ou seja, mesmo que um devedor tenha quatro registros de um mesmo credor, assume-se que esse consumidor tem apenas uma dívida.

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