A estimativa refere-se apenas às maiores festas juninas de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Bahia. Mas o impacto é muito maior, já que são realizados arraiás de pequeno porte em quase todas as cidades nordestinas.
As cidades de Caruaru (PE) e de Campina Grande (PB), que realizam as duas festas de São João mais famosas do Brasil, deixaram de movimentar, juntas, R$ 400 milhões durante o período junino. Em Mossoró (RN), a festa previa uma movimentação de R$ 94 milhões, impacto frustrado pela pandemia.
Segundo a prefeitura de Caruaru, o evento gera 20 mil empregos e movimenta cerca de R$ 200 milhões na economia local. Só em impostos, o município estima que vai deixar de arrecadar R$ 2 milhões apenas em junho — verba que poderia ser usada em diversas áreas, como saúde e educação.
“A festa movimenta todos os setores da nossa economia. Dos repentistas aos trios de forró, da gastronomia à rede hoteleira, todo mundo depende do São João”, diz Raquel Lyra (PSDB), prefeita de Caruaru desde 2017.
De fato, em junho do ano passado, o setor hoteleiro de Caruaru tinha quase 100% das vagas ocupadas para turistas — a prefeitura calcula que dois milhões de pessoas de fora visitaram o município durante o evento do ano passado. Mas desta vez, com o cancelamento da festa, a rede praticamente não tem hóspedes, segundo a prefeita.
No ano passado, organizar o São João custou R$ 12 milhões. Segundo Lyra, a maior parte desse dinheiro foi arrecadado por meio de patrocínios de empresas privadas. “Antes da pandemia, já tínhamos captado R$ 7 milhões para o evento deste ano. Nosso objetivo é tornar a festa autossustentável”, diz.
Para a prefeita, ficar sem São João é como se uma parte do ano não existisse. “Em Caruaru, nós dividimos o ano em antes e depois do São João. Não ter a festa deixa um vazio muito grande, porque ele faz parte da nossa identidade, tanto na questão cultural quanto religiosa”, afirma.
A cidade de Campina Grande, na Paraíba, disputa com Caruaru o título de maior São João do Nordeste — e, neste ponto, não há muito consenso. No quesito econômico, porém, o município também está sofrendo com um mês de junho sem a festa, embora a prefeitura ainda queira realizá-la em outubro.
“A gente estima que o São João movimente cerca de R$ 200 milhões todos os anos. São 5 mil empregos. É uma cadeia produtiva enorme, que sustenta muita gente: dos vendedores ambulantes à gastronomia local”, diz Romero Rodrigues (PSD), prefeito da cidade.
Na Bahia, onde as principais festas são pulverizadas em várias cidades de médio porte, o governo estima que o São João movimenta cerca de R$ 550 milhões na economia.
Em 2019, apenas as prefeituras baianas investiram cerca de R$ 190 milhões em serviços relacionados às festas, como a montagem de estruturas, atividades culturais e contratação de artistas.
Já as 60 maiores festas privadas de São João, São Pedro e Santo Antônio arrecadaram cerca de R$ 110 milhões e atraíram cerca de 500 mil pessoas.
Fonte: Folha de S. Paulo e BBC Brasil